“Os irmãos Karamázov” | Fiódor Dostoiévski

Curso de introdução à obra de Dostoiévski: análise do romance Os irmãos Karamázov
Originalmente ministrado pelo Zoom, em março e abril de 2021.
6 aulas; cada uma com, no mínimo, 2 horas.
Obra magna e derradeira do escritor russo Fiódor Dostoiévski (1821-1881), o romance Os irmãos Karamázov (1880) configura uma verdadeira síntese das construções literárias, filosóficas, psicológicas, teológicas e histórico-sociais do autor. Ao trazer à tona as trajetórias de Fiódor Pávlovitch, o bufão e (anti)pai; Dmítri, o mundano e sensualista; Ivan, o intelectual ateu e parricida; Aliócha, o monge benévolo; e Smierdiakov, o renegado e efetivo parricida, Dostoiévski configura uma síntese das tensões e afinidades da condição humana a partir da família Karamázov.
Em momentos paradigmáticos, o romance Os irmãos Karamázov traz uma efetiva gramática para compreendermos as (re)configurações da modernidade: a morte do pai Fiódor Pávlovitch pela mão de um de seus filhos como a alegoria da morte histórica do Pai celestial (o niilismo primordial); a (im)possibilidade de amor e amizade entre os irmãos como o desdobramento utilitário e hedonista da destruição da ética (o niilismo do cotidiano); as afinidades eletivas e tensões envolvendo cristianismo e socialismo como a efetiva realização de uma filosofia da história para Dostoiévski.
Ao longo das 6 aulas deste curso, leremos e analisaremos conjuntamente o romance, de modo a acompanharmos, passo a passo, a constituição de Os irmãos Karamázov como o ápice da realização literária de Dostoiévski, em meio à qual o autor logrou combinar visões radicalmente distintas de universo e sociedade, tais como o ateísmo e o espiritualismo, o socialismo e o ímpeto pela Rússia feudal e ortodoxa, o narcisismo utilitário e a nostalgia da comunhão.
Aula 1: Contextualização histórico-filosófica da obra e análise dos livros I e II. Genealogia da família Karamázov: quais são os traços caracteriológicos fundamentais dos Karamázov: Fiódor Pávlovitch, o bufão e (anti)pai; Dmítri, o mundano e sensualista; Ivan, o intelectual ateu e parricida; Aliócha, o monge benévolo; e Smierdiakov, o renegado e efetivo parricida. As tensões de Fiódor Pávlovitch, Dmítri e Ivan pelo amor de Grútchenka, a mulher mais pungente da obra de Dostoiévski. As relações de Aliócha com seu preceptor espiritual, o stáriets Zósima.
Aula 2: Análise dos livros III e IV. O prenúncio do parricídio: não fosse a intervenção ardilosa de Smierdiakov, Dmítri poderia ter cometido o homicídio. Ivan, o intelectual, concebe o crime, mas, ao fim, lava as mãos como Pôncio Pilatos. Smierdiakov, o filho bastardo e renegado, aquele que não tem nada a perder, leva às últimas consequências o niilismo intelectual de Ivan e ceifa a vida do próprio pai: “Se Deus não existe, tudo é permitido”.
Aula 3: Análise dos livros V e VI. O diálogo seminal na taverna entre o lobo Ivan, o ateu, e o cordeiro Aliócha, o monge. O capítulo “A revolta” como a mais radical crítica dostoievskiana, por meio de Ivan, aos princípios teológicos do judaico-cristianismo. Uma crítica tão radical que abre flancos para um possível diálogo de Dostoiévski com Allan Kardec (1804-1869), o codificador da doutrina espírita. O capítulo “A lenda do grande inquisidor” como a realização de uma efetiva filosofia dostoievskiana da história a partir das três tentações a que Jesus Cristo é submetido no deserto pelo demônio (“Evangelho segundo Mateus”).
Aula 4: Análise dos livros VII e VIII. A ardorosa Grútchenka, “irmã” mais nova da personagem Nastácia Filíppovna, do romance dostoievskiano O idiota (1869), como a síntese do que Dostoiévski concebia como a psicologia niilista na mulher, em comparação, por exemplo, com o caráter salvífico das personagens Liza (Memórias do subsolo) e Sônia Marmieládova (Crime e castigo).
Aula 5: Análise dos livros IX e X. A conversa escatológica de Ivan Karamázov com o diabo: se Deus não existe e tudo é permitido, por que Ivan Karamázov não teria que lidar com as consequências do parricídio que ele próprio concebera intelectualmente, mas do qual lograra se eximir factual e pragmaticamente? Ao fim, poderíamos dizer que a loucura a que Ivan é relegado configura uma sanção anacrônica por parte de Dostoiévski para um crime ideológico que nossa época sociopatológica já não se propõe a punir?
Aula 6: Análise dos livros XI, XII e do epílogo. “O advogado é uma consciência que se aluga”: Dostoiévski demonstra que, sem um lastro transcendental (isto é, divino), os argumentos antípodas de advogado de defesa e promotor, em meio ao julgamento (equivocado) de Dmítri Karamázov, se equivalem. Assim, a busca pela verdade se torna meramente sofística e casuística, não importando se dela depende a liberdade de um réu julgado por um crime que não cometeu.
Flávio Ricardo Vassoler, escritor, professor, psicanalista em formação e youtuber, é doutor em Letras (Teoria Literária e Literatura Comparada) pela Universidade de São Paulo (USP), com pós-doutorado em Literatura Russa pela Northwestern University, que fica em Evanston, nos Estados Unidos.
Durante o mestrado, realizou um curso de língua russa e pesquisas bibliográficas junto à Universidade Russa da Amizade dos Povos, que fica em Moscou, na Rússia.
É autor do romance O evangelho segundo talião (nVersos, 2013); do livro de ensaios e aforismos sobre cinema, literatura e teoria social Tiro de misericórdia (nVersos, 2014); do livro-tese Dostoiévski e a dialética: fetichismo da forma, utopia como conteúdo (Hedra, 2018); do livro de crônicas, ficções e ensaios Diário de um escritor na Rússia (Hedra, 2019); e do romance de formação em diálogos Metamorfoses, os anos de aprendizagem de Ricardo V. e seu pai (Nômade, fiel como os pássaros migratórios, 2021).
É colunista do site Brasil 247, para o qual escreve ficções sobre sua experiência nômade no continente europeu. Colabora, periodicamente, para o caderno literário “Aliás”, do jornal O Estado de S. Paulo; para o caderno “Ilustríssima”, do jornal Folha de S.Paulo; e para as revistas Carta Capital, Veja e Piauí.
Apresenta aos sábados, na TV 247, o programa Filosofia do Cotidiano, ao longo do qual analisa fatos e processos da contemporaneidade por prismas histórico-filosóficos.
Valor do curso: R$ 400,00
Formas de pagamento:
1. PIX – Chave do PIX: nomade.editora@gmail.com
Para ter acesso às aulas, envie o comprovante do PIX, por favor, para um dos seguintes e-mails:
within_emdevir@yahoo.com.br
nomade.editora@gmail.com
socrático.vassoler@gmail.com
2. Para solicitar outras formas de pagamento, envie uma mensagem, por favor, para um dos seguintes e-mails:
within_emdevir@yahoo.com.br
nomade.editora@gmail.com
socrático.vassoler@gmail.com
3. Entre em contato pelo WhatsApp: +55 11 95559-4912
Observações:
O curso não pressupõe conhecimento prévio da obra de Dostoiévski. Recomenda-se a edição de Os irmãos Karamázov traduzida por Paulo Bezerra e publicada pela Editora 34
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Escritor, professor, youtuber, fundador da Universidade Virtual do Vassoler e apresentador do programa Filosofia do cotidiano (TV 247), é doutor em Letras pela USP, com pós-doutorado em Literatura Russa pela Northwestern University (EUA).
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