“O idiota” | Fiódor Dostoiévski

Curso sobre o romance O idiota (1869), de Fiódor Dostoiévski (1821-1881)
Originalmente ministrado, pelo Zoom, em outubro/novembro de 2020.
4 (quatro) aulas, cada uma com, no mínimo, 2 (duas) horas .
O idiota (1868) é o romance preferido de Dostoiévski. Em tal obra, o escritor alça a protagonista o príncipe Míchkin, um homem de caráter sumamente bom, uma fusão entre o amor abnegado de Jesus Cristo e o idealismo nobre do cavaleiro Dom Quixote de La Mancha. Ao longo de sua trajetória, Míchkin depara com os membros da família Iepántchin, recebendo o amor da jovem Aglaia; o príncipe tenta redimir o aviltamento a que Nastácia Filíppovna, quiçá a mulher mais talentosa, pungente e bela da obra de Dostoiévski, fora submetida, desde tenra idade, pelo aristocrata lascivo Tótski; Míchkin topa também com Rogójin, um niilista/materialista que só pensa em pândegas e na maximização do próprio prazer, um ser que, ao fim (e a despeito das tentativas salvíficas de Míchkin), acaba consumando as tendências mais sadomasoquistas de Nastácia (sua síndrome de Estocolmo, por assim dizer).
Ao longo de nossas 4 aulas, analisaremos as relações do príncipe Míchkin com as demais personagens, tendo em vista as enormes tensões para que o protagonista possa semear pela planície da história e do cotidiano humanos os ensinamentos proferidos pelo Cristo em seu célebre sermão da montanha. (“Ama ao próximo como a ti mesmo”.) Como romance transpassado por múltiplas e importantes referências históricas, filosóficas e religiosas, O idiota nos permite estabelecer pontes com a época em que se insere, de modo a discernirmos como o talento literário de Dostoiévski consegue tornar inteligíveis os (des)caminhos da modernidade, em sua tendência encarniçada para exilar a bondade da vida das pessoas e maximizar as tendências mais egoístas e utilitárias.
Aula 1: Contexto histórico-filosófico do romance O idiota e análise da primeira parte da obra, na qual despontam as personagens antípodas príncipe Míchkin e Rojójin, Nastácia Filíppovna e sua sina, Gânia e sua ambição.
Aula 2: Míchkin no seio da família Iepántchin; o amor terno (e tenso) de Aglaia Iepántchina pelo príncipe; considerações do príncipe Míchkin sobre os momentos que antecedem a pena de morte e o caráter salvífico do cristianismo; contraposições materialistas e ateias de Rogójin ao espiritualismo de Míchkin a partir do vislumbre do quadro O corpo de Cristo morto na tumba (1520-22), de autoria do pintor alemão Hans Holbein, o jovem (1497-1523). (Análise da segunda parte do romance.)
Aula 3: O caráter místico da epilepsia do príncipe Míchkin, verdadeira ponte dostoievskiana entre a imanência e a transcendência; as importantes considerações histórico-filosóficas do bufão Liébediev sobre a ausência de bases efetivas para a fundação de uma ética moderna para além do utilitarismo egoísta a reboque de estradas de ferro e da ganância que só quer lucrar; Míchkin estende a mão salvífica para Nastácia, que, num primeiro momento, se irmana ao príncipe, para, em seguida, se entregar à volúpia destrutiva de Rogójin, aquele que pode ser tido como um sucessor do inescrupuloso Tótski, o explorador original de Nastácia Filíppovna. (Análise da terceira parte do romance.)
Aula 4: “Você só tem a verdade, Míchkin, e, portanto, é cruel!” Aglaia, Míchkin e as (im)possibilidades de reconciliação entre o amor romântico que Míchkin sente pela filha da família Iepántchin e o amor ágape/cristão que Míchkin doa à agônica Nastácia Filíppovna; o príncipe Míchkin entre a cruz e a espada: será possível oferecer a outra face ao assassino Rogójin, na mesma medida em que se realiza a justiça para com a assassinada Nastácia? Paralelo entre o desfecho paradoxal de O idiota e a parábola da adúltera, passagem que consta dos evangelhos bíblicos que retratam a vida e a obra de Jesus Cristo. (Análise da quarta parte do romance.)
Flávio Ricardo Vassoler, escritor, professor, psicanalista em formação e youtuber, é doutor em Letras (Teoria Literária e Literatura Comparada) pela Universidade de São Paulo (USP), com pós-doutorado em Literatura Russa pela Northwestern University, que fica em Evanston, nos Estados Unidos.
Durante o mestrado, realizou um curso de língua russa e pesquisas bibliográficas junto à Universidade Russa da Amizade dos Povos, que fica em Moscou, na Rússia.
É autor do romance O evangelho segundo talião (nVersos, 2013); do livro de ensaios e aforismos sobre cinema, literatura e teoria social Tiro de misericórdia (nVersos, 2014); do livro-tese Dostoiévski e a dialética: fetichismo da forma, utopia como conteúdo (Hedra, 2018); do livro de crônicas, ficções e ensaios Diário de um escritor na Rússia (Hedra, 2019); e do romance de formação em diálogos Metamorfoses, os anos de aprendizagem de Ricardo V. e seu pai (Nômade, fiel como os pássaros migratórios, 2021).
É colunista do site Brasil 247, para o qual escreve ficções sobre sua experiência nômade no continente europeu. Colabora, periodicamente, para o caderno literário “Aliás”, do jornal O Estado de S. Paulo; para o caderno “Ilustríssima”, do jornal Folha de S.Paulo; e para as revistas Carta Capital, Veja e Piauí.
Apresenta aos sábados, na TV 247, o programa Filosofia do Cotidiano, ao longo do qual analisa fatos e processos da contemporaneidade por prismas histórico-filosóficos.
Valor do curso: R$ 400,00
Formas de pagamento:
1. PIX – Chave do PIX: nomade.editora@gmail.com
Para ter acesso às aulas, envie o comprovante do PIX, por favor, para um dos seguintes e-mails:
within_emdevir@yahoo.com.br
nomade.editora@gmail.com
socrático.vassoler@gmail.com
2. Para solicitar outras formas de pagamento, envie uma mensagem, por favor, para um dos seguintes e-mails:
within_emdevir@yahoo.com.br
nomade.editora@gmail.com
socrático.vassoler@gmail.com
3. Entre em contato pelo WhatsApp: +55 11 95559-4912
Observações:
O curso não pressupõe conhecimento prévio da obra de Dostoiévski.
Recomenda-se a edição de O idiota traduzida por Paulo Bezerra e publicada pela Editora 34.
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Escritor, professor, youtuber, fundador da Universidade Virtual do Vassoler e apresentador do programa Filosofia do cotidiano (TV 247), é doutor em Letras pela USP, com pós-doutorado em Literatura Russa pela Northwestern University (EUA).
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